quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Gold Fish ou Ovelha Negra, quem é você na família?



Ser o filho mais amado ou o mais desgostado tem o mesmo peso. As exigências e responsabilidades são enormes para ambos. De um espera-se tudo, do outro nada, mas as surpresas acontecem e as moedas mudam de lado. O bom nunca é suficiente o bastante, e o mal sempre se supera. Tudo não passa de expectativa, reflexos de espelhos quebrados que tentam emendar a imagem do outro perante a nossa. Felizmente, possuímos um ingrediente extra no gene familiar que funciona como um universo paralelo, onde todos se amam independente de seus atos, isso chama-se: amor incondicional. Contamina apenas àqueles que transportam o elemento químico do perdão emocional, co-sanguíneo ou não. Por que família (na minha religião), você escolhe antes de chegar aqui. Foi só depois que aceitei este fato, que parei de lutar contra o meu destino. E mesmo assim, luto diariamente para provar que vim para atar nossas mãos, seja qual for o fardo. Afinal, todos temos problemas reais e muitos outros imaginários. Quem nunca? Foi muito além da queda de braço com os irmãos? Comparou ou foi comprado com os exemplos bons e ruins dentro de casa? Fez meses de silêncio entre si? Ofendeu sem razão ou necessidade, apenas pelo calor do jogo?




Este filme Song One - ainda sem título em português, fala, canta e vibra a relação entre dois irmãos. Além de pais, compromissos, obrigações, amigos, amores, e tudo que uma verdadeira família forma e cultiva ao longo dos anos. Franny (Anne Hathaway) mora longe de casa há tanto tempo que não sabe mais como seu irmão é, o que ele gosta, o que faz, onde mora...Ela simplesmente o riscou da árvore genealógica. Mas, uma fatalidade é a chave para um recomeço, uma nova chance. Muitas vezes, senão na maioria delas, isso é necessário para deixarmos de irracionalidade, já que sempre esperamos do outro atitudes condizentes aos nossos sonhos dourados. Me lembro do dia que meu irmão apareceu com uma tatuagem nova, uma escrita em japonês: pai, mãe, irmã mais velha. Fiquei extremamente surpresa e feliz, pois apesar das nossas diferenças agora sou literalmente parte dele. Depois de todas as brigas ainda estarei lá, grudada em sua perna. Numa das diversas cenas de bares percorridos pelo filme, podemos ouvir Leãozinho do Caetano Veloso, uma das músicas mais carinhosas que conheço, feita para uma criança. Lembre-se desta época, em que brincar com seus irmãos era o mais importante. O restante não deve afetar nenhum dos lados. Já vivemos em tempos de guerra. Aceitar, é a única nota que nosso coração deve tocar sempre. Isso muda nossa relação com o Universo, e acredito eu, que coisas boas se farão mais presentes a partir deste momento.


Se ainda tiver dúvidas, questione. O quanto você realmente conhece da pessoa que tanto briga e diverge? Talvez não haja tempo para descobertas, desculpas e perdão, então ame o que ele representa, e não suas escolhas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sem razão não há felicidade


Sim, a vida é o que acontece entre uma ação e outra, com pausas suficientes para analisarmos qual o próximo passo. Sabemos o que será melhor, mas esse melhor nem sempre é o mais interessante, excitante e divertido. Assim burlamos nossa sabedoria e ajeitamos o destino. Queremos sempre o copo cheio, transbordando, mesmo que isso nos afogue mais tarde. Às vezes você é seu pior inimigo. Sim nós somos, e muitas vezes. Amores, dores e fim. Está escrito, há reflexos, resquícios, pistas. Ignoramos. Enfim, a música da pista do coração toca mais alto e vibra no mesmo ritmo da pessoa mais errada. É simples, um imã natural. Procuramos pelos iguais, gestos, gostos, algo que pareça familiar, às vezes nada disso. O que importa mesmo é a ação conjunta e o segundo que oscila entre o fechar dos olhos e o abrir das bocas em um beijo inesperado. Evitar isso é quase morrer, então vivemos intensamente, ignorando e ainda tentando provar que é válido. Afinal, com tantas opções de beleza e facilidade de aproximação, quem vai se envolver, criar laços, filhos?



No filme Uma Semana a Três - The Longest Week, a temática é exatamente essa, a escolha e suas consequencias. Mulheres procuram um porto seguro: homem confiante de si mesmo, que tenha charme, uma ousadia leve, riso fácil, e aquele gosto de, fica só mais um pouco? Homens procuram um porto feliz: mulher sex, um tanto insegura para que o deixe tomar as rédeas, presa fácil sob seus olhares e desejos, e aquele gosto de, eu quero que você fique! Pronto, receita caseira para doses cavalares em nossa monotonia. Remédio errado que funciona só a curto prazo para as relações temporárias e pobres que surgem todos os dias. Somos muito mais que essa lista limitada. Mas todos ignoram ou são ignorados em algum momento e o triângulo se quebra expondo a clássica formação: homem, mulher, melhor amigo. Conrad (Jason Bateman), não aceita a realidade do seu empobrecimento financeiro, mostra uma total falta de comprometimento com a realidade, e assim finge ser o melhor partido disponível. Afinal, os falidos sempre são mais divertidos, engraçados, desprendidos de formalidades e incrivelmente mais felizes. Beatrice (Olivia Wilde), um modelo de virtude, boa formação, emprego invejável, que mesmo cheia de dúvidas se arrisca em fazer algo não esperado. Ele aplica o golpe mais manjado e que sempre funciona: café, literatura, passeio, drink e música para deixá-la tonta e apaixonada. É calculado, inclusive o mesmo bar de sempre. Sintonia e proximidade. O cheiro do perfume exalando com o calor dos braços em vollta do corpo. Ela adorava a forma que ele olhava pra ela. Ele amava olhar para ela. Pronto, temos uma admiração. O que considero o melhor e mais doce fruto do amor. Dylan (Billy Crudup), amigo centrado, aquele que acolhe, o melhor conselheiro, representa aqui a nossa consciência repetindo incessantemente: não tente nada, não tente nada. Pior que se apaixonar por alguém é se apaixonar por essa ideia, foi o que aconteceu com ambos, mas ele começa a viver a duras penas a mentira. Triste e desolado ouve do amigo: 

Perca duas, três mulheres, mas não minta para elas e principalmente para você.
Eu digo: a razão vence sempre.