Sim, a vida é o que acontece entre uma ação e outra, com pausas suficientes para analisarmos qual o próximo passo. Sabemos o que será melhor, mas esse melhor nem sempre é o mais interessante, excitante e divertido. Assim burlamos nossa sabedoria e ajeitamos o destino. Queremos sempre o copo cheio, transbordando, mesmo que isso nos afogue mais tarde. Às vezes você é seu pior inimigo. Sim nós somos, e muitas vezes. Amores, dores e fim. Está escrito, há reflexos, resquícios, pistas. Ignoramos. Enfim, a música da pista do coração toca mais alto e vibra no mesmo ritmo da pessoa mais errada. É simples, um imã natural. Procuramos pelos iguais, gestos, gostos, algo que pareça familiar, às vezes nada disso. O que importa mesmo é a ação conjunta e o segundo que oscila entre o fechar dos olhos e o abrir das bocas em um beijo inesperado. Evitar isso é quase morrer, então vivemos intensamente, ignorando e ainda tentando provar que é válido. Afinal, com tantas opções de beleza e facilidade de aproximação, quem vai se envolver, criar laços, filhos?
No filme Uma Semana a Três - The Longest Week, a temática é exatamente essa, a escolha e
suas consequencias. Mulheres procuram um porto seguro: homem confiante de si mesmo, que
tenha charme, uma ousadia leve, riso fácil, e aquele gosto de, fica só mais um
pouco? Homens procuram um porto
feliz: mulher sex, um tanto insegura para
que o deixe tomar as rédeas, presa fácil sob seus olhares e desejos, e aquele
gosto de, eu quero que você fique! Pronto, receita
caseira para doses cavalares em nossa monotonia. Remédio errado que funciona
só a curto prazo para as relações temporárias e pobres que surgem todos os dias. Somos muito mais que essa lista limitada. Mas todos ignoram ou são ignorados em algum momento e o triângulo se
quebra expondo a clássica formação: homem, mulher, melhor amigo. Conrad (Jason Bateman), não aceita a realidade do seu
empobrecimento financeiro, mostra uma total falta de comprometimento com a
realidade, e assim finge ser o melhor partido disponível. Afinal, os
falidos sempre são mais divertidos, engraçados, desprendidos de formalidades e
incrivelmente mais felizes. Beatrice (Olivia Wilde), um modelo de virtude, boa formação, emprego
invejável, que mesmo cheia de dúvidas se arrisca em fazer algo não
esperado. Ele aplica o golpe mais manjado e que sempre funciona: café, literatura,
passeio, drink e música para deixá-la tonta e apaixonada. É calculado,
inclusive o mesmo bar de sempre. Sintonia e proximidade. O cheiro do perfume
exalando com o calor dos braços em vollta do corpo. Ela adorava a forma que ele
olhava pra ela. Ele amava olhar para ela. Pronto, temos uma admiração. O que
considero o melhor e mais doce fruto do amor. Dylan (Billy Crudup), amigo centrado,
aquele que acolhe, o melhor conselheiro, representa aqui a nossa consciência
repetindo incessantemente: não tente nada, não tente nada. Pior que se apaixonar por alguém é se apaixonar por essa ideia, foi o que
aconteceu com ambos, mas ele começa a viver a duras penas a mentira. Triste e desolado ouve do amigo:
Perca duas, três mulheres, mas não minta para elas e principalmente para você.
Eu digo: a razão vence sempre.
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