sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A Forma da Água






Encantador e sutilmente fluído este filme tem treze indicações ao Oscar. E não é por falta de motivos. O diretor Guillermo del Toro (Labirinto do Fauno) tem um poder indiscutível de nos afundar numa fantasia e nos manter com fôlego até o final. É uma experiência enriquecedora, quando fala-se de assuntos tão densos e turvos no auge da Guerra Fria: política, espionagem, racismo, assédio moral, sexualidade, entre outros tabus na década de 60. E mesmo em se tratando de tantos problemas, é brilhante como deve ser. Um verdadeiro conto de fadas, surreal! A Princesa é a órfã muda Elisa (Sally Hawkins), faxineira que só começa a trabalhar à meia-noite no laboratório. O Monstro é o agente Strickland (Michael Shannon), encarregado da fortaleza militar que aprisiona e estuda o Príncipe. Um anfíbio, literalmente o homem sapo da Amazônia capturado pelo governo dos EUA.




A trilha sonora é um personagem à parte conduzindo todos os momentos, um primor. Para alegria brasileira podemos ouvir Chica Chica Boom Chic de Carmen Miranda e Babalu, uma pena essa última não ser a versão da diva Ângela Maria. A fotografia seduz, e claro, a melhor cena acontece no apartamento que fica sobre um cinema. Lá onde tudo torna-se possível na tela, inclusive na nossa. E como manda o figurino, o narrador, amigo e vizinho Giles (Richard Jenkins) ainda nos deixa um poema: 

“Incapaz de definir a tua forma, eu o vejo ao meu redor. Tua presença preenche meu olhos e com o teu amor, acalanteia meu coração, pois tu está em todos os lugares” 



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