sábado, 18 de julho de 2015

Sábado à noite tem luta? Tem sim senhor!



Sabe aquele dia de você quer ninho? Que só a camiseta velha da sua banda preferida lhe cabe? Que só o peito de quem você gosta serve? Esse dia era sábado. Esperei ele tomar banho, recostar no sofá e assistir algum esporte violento e sádico que adora. Ao lado, um copo de whisky daqueles fortes que o deixa com o hálito quente, delicioso e enebriante. Preciso dividir com ele esse mesmo ar, agora. Calma, tenho que me aproximar lentamente, como quem não vai atrapalhar seu deleite. Está quente, ele está sem camisa, eu afasto seus pés e deito no canto descansando a cabeça no seu peito. Cheguei onde queria, em silêncio e assim preciso continuar, senão posso ser expulsa. Ele só passa o braço por sobre meu ombro como quem diz, pode ficar. O outro se estende para pegar a bebida, eu de olhos fechados sinto o movimento dos músculos e ouço o barulho do trago na garganta. Ele faz um grunhido forte depois de um golpe certeiro no ringue. Eu sinto seu peito subir. Ele ainda está com cheiro de banho fresco e colônia de barba, que ele não faz porque eu gosto. Me aninho mais. Ele levanta o braço como quem me deixa livre para me mexer e depois volta ao mesmo lugar. Levanto a cabeça e encosto os lábios no pescoço, minha boca está levemente aberta. Ele permanece imóvel. Faço a ponta da língua chegar até a pele e fecho a boca com um beijo sem barulho. Um tipo de agradecimento por me deixar ali. Ele hesita e sinto o braço mais pesado sobre mim. Volto a cabeça e fico ao lado da dele, quieta. O braço que era da bebida passa a ser meu, ele o coloca sobre meu joelho. Mais um minuto, ele relaxa novamente. Subo a mão até o lóbulo da orelha, pressiono levemente e mordo. Ele me segura pelo cabelo e me puxa para olhar nos meus olhos, levanta a sobrancelha como quem diz: Sério, agora? Fecho novamente os olhos e sorrio. Ele me solta e me recoloca sobre o peito. A luta fica violenta e ele fala um palavrão, esmurra a mesa de centro. 


O copo e eu estremessemos. Há muito hormônio no ar, tenho que agir rápido. Aproveito que ficou tenso e cravo as unhas no bíceps dele, como num alerta para baixar a guarda, e mostrar que eu também estou ali. Ele entendeu, subiu a mão até minha coxa e apertou com força. Gemi baixinho, e ele sorriu. Consegui o que eu queria, a briga agora é entre nós, mesmo que ele ainda olhasse a TV. Desci a mão pela lateral do dorso até o oblíquo e quando subi senti ele arrepiado. O coração começou a bater mais forte e a respiração mudou. Ao me mexer mais uma vez, ele me coloca sobre ele, morde os lábios e faz aquele barulho como quem vai me esganar. Fico séria, aquilo para mim não é brincadeira, tem mais estratégia que qualquer episódio de Dexter. Não posso falhar em nenhum movimento, caso contrário minha presa fugirá do ninho. E ainda me culpará por tirá-lo do prazer mundano masculino de beber e assistir seu programa favorito. O juiz anuncia 30 segundos. Ele me solta. É agora, não posso esperar os replays e comentários que só acabam depois do Fantástico. Levanto e tiro a camiseta em câmera lenta. Ele se volta para mim e assiste ao movimento como quem nunca viu este golpe. O lutador cai no ringue, ele desliga o aparelho, e me derruba no tapete com um ippon. Essa luta eu ganhei em silêncio, este homem não é de ferro!

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